O corpo das mulheres, em épocas de autoritarismo, é um dos mais expostos ao disciplinamento e à pretensão de controle. Apesar disso, na época da ditadura militar brasileira, um grande número de mulheres participou de lutas, movimentos e organizações clandestinas, mas o monopólio da presença e da fala masculina e a tendência à vitimização das mulheres, sempre representadas como incapazes de pensamento politico autônomo e como corpos indefesos, contribuíram à invisibilização dessa história e memória. Dois romances escolhidos de Heloneida Studart, O pardal é um pássaro azul (1975) e O torturador em Romaria (1986), representam uma precoce ruptura desse silêncio de ponto de vista de mulheres na literatura e, coerentemente com o percurso de vida e militância da autora, testemunham a urgência representada, naqueles anos, pelo tema da visibilização do poder do corpo da mulher e dos abusos e torturas sobre os corpos. Uma perspectiva que ajuda, hoje, a construção de uma memória feminina sobre esse período de autoritarismo da história brasileira.

Literatura, autoritarismo e corpo das mulheres. A ditadura brasileira através dos romances de Heloneida Studart

Alessia Di Eugenio
2020

Abstract

O corpo das mulheres, em épocas de autoritarismo, é um dos mais expostos ao disciplinamento e à pretensão de controle. Apesar disso, na época da ditadura militar brasileira, um grande número de mulheres participou de lutas, movimentos e organizações clandestinas, mas o monopólio da presença e da fala masculina e a tendência à vitimização das mulheres, sempre representadas como incapazes de pensamento politico autônomo e como corpos indefesos, contribuíram à invisibilização dessa história e memória. Dois romances escolhidos de Heloneida Studart, O pardal é um pássaro azul (1975) e O torturador em Romaria (1986), representam uma precoce ruptura desse silêncio de ponto de vista de mulheres na literatura e, coerentemente com o percurso de vida e militância da autora, testemunham a urgência representada, naqueles anos, pelo tema da visibilização do poder do corpo da mulher e dos abusos e torturas sobre os corpos. Uma perspectiva que ajuda, hoje, a construção de uma memória feminina sobre esse período de autoritarismo da história brasileira.
2020
Alessia Di Eugenio
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Utilizza questo identificativo per citare o creare un link a questo documento: https://hdl.handle.net/11585/820496
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